A GRANDE PROMESSA

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A APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

E A GRANDE PROMESSA.

> De Fátima - Portugal à Pontevedra - Espanha



A Promessa dos Cinco Primeiros Sábados do Mês.

... Disse Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de Junho de 1917.
"A quem abraçar esta devoção, Eu prometo a salvação."

Que promessa tão admirável e assombrosa aquela que foi feita no dia 13 de Junho de 1917! Mas apesar desta promessa, ficamos ainda tentados a duvidar. Por uma graça especial, a Beata Jacinta sentia o coração consumido por um amor ardente ao Imaculado Coração de Maria. E nós? Ficamos frios, ou o nosso fervor dura muito pouco. Poderíamos alguma vez saber se a nossa devoção é assim tão grande para que Nossa Senhora quisesse manter a Sua promessa para conosco?

É neste ponto que ficamos assombrados pela ilimitada Misericórdia Divina e pelo caráter profundamente católico das revelações de Fátima. Não há sequer, em toda a mensagem, vestígios do subjetivismo protestante! Aqui, o Céu vai até aos limites da indulgência, e as profecias mais sublimes ("Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração") transformam-se em pedidos muito pequenos, claros e precisos, pedidos fáceis que não dão lugar à dúvida. Todos podem saber se os conseguiram realizar ou não. Uma "pequena devoção", praticada de coração generoso, é suficiente para todos nós recebermos infalivelmente esta graça, ex opere operato – quer dizer, tal como acontece com os sacramentos. E a graça que receberemos é a graça da salvação eterna! Vale a pena estudar cuidadosamente esta promessa tão magnífica. Este é o cumprimento e a expressão perfeita da primeira parte do grande Segredo que, na sua totalidade, se refere à salvação das almas.

 

De Fátima - Portugal à Pontevedra - Espanha:

O cumprimento do Segredo. Ao descrever as aparições e ao explicar a mensagem de Pontevedra, falaremos apenas das palavras pronunciadas por Nossa Senhora a 13 de Julho de 1917. São palavras concisas, mas muito ricas em significado:

"Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas ... virei pedir ... a Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados de cada mês."

Portanto, é este o primeiro "Segredo de Maria" que nós devemos descobrir e entender. É uma forma segura e fácil de arrancar as almas aos perigos do inferno: primeiro, as nossas almas; e também as dos nossos próximos; e até as almas dos maiores pecadores – porque a misericórdia e o poder do Imaculado Coração de Maria não têm limites.

 

I. Pontevedra: As Aparições e a Mensagem

Dia 10 de Dezembro de 1925: a Aparição do Menino Jesus e de Nossa Senhora

Na noite de quinta feira, 10 de Dezembro, logo depois do jantar, a jovem postulante Lúcia, que tinha apenas 18 anos, voltou à sua cela. Foi ali que recebeu a visita de Nossa Senhora e do Menino Jesus. Escutemos a sua narração (escrita no terceira pessoa):

"A 10 de Dezembro de 1925, apareceu-lhe a Santíssima Virgem e, a Seu lado, suspenso numa nuvem luminosa, o Menino Jesus. A Santíssima Virgem pousou a mão no ombro de Lúcia e, nesse momento, mostrou-lhe um Coração cercado de espinhos que tinha na outra mão. Ao mesmo tempo, disse o Menino:

‘Tem pena do Coração de tua Mãe Santíssima, que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Lhe cravam, sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar’.

E a Santíssima Virgem disse-lhe:

‘Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que a todos aqueles que durante cinco meses seguidos, no primeiro sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravar, Eu prometo assistir-lhes à hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação.’

Que cena tão comovente e ao mesmo tempo tão singela, contada com a sobriedade do próprio Evangelho! Que diálogo tão encantador, em que o Menino Jesus e Sua Mãe falam alternadamente — Ele para implorar por causa Dela, e Ela para fazer os seus pedidos... que nos conduzem até Seu Filho.

Como de costume, a vidente apaga-se a si mesma, e não nos diz uma única palavra sobre os seus próprios sentimentos. Não será este o sinal mais inequívoco de autenticidade, que dá ao seu relato plena vigência? Ela está ali para ver, para ouvir, para contar o que aconteceu, e nada mais.

No entanto, quanta intimidade percebemos existir entre a Santíssima Virgem e a Sua mensageira! Como Santa Catarina Labouré, ela recebeu nesse dia o privilégio de ser tocada por Nossa Senhora num gesto solene e afetuoso, tal como quando uma mãe quer dar a um filho uma missão confidencial. A Santíssima Virgem pôs a mão sobre o ombro de Lúcia, permitindo-lhe contemplar o tristíssimo Coração de Nossa Senhora e dá-lo a conhecer aos outros.

Finalmente, vejamos o tom e as palavras desta grande promessa. São semelhantes às das aparições de 1917. Tão concisas! Tal como as do Segredo do dia 13 de Julho, onde nem uma só palavra se pode suprimir sem alterar seriamente a seqüência do pensamento. Também esta é uma mostra irrefutável de autenticidade.

A transmissão da Mensagem

De que maneira deu Lúcia a conhecer os pedidos do Céu? Sabemos que ela imediatamente contou tudo à sua Superiora, a Madre Magalhães, que se convenceu plenamente da causa de Fátima e tinha agora um respeito sincero pela vidente. Ela própria se mostrou disponível para obedecer aos pedidos do Céu. Lúcia também informou o confessor da Casa, Dom Lino García: "Este último – lembra Lúcia – ordenou-me que escrevesse tudo o que dizia respeito (a esta revelação) e que guardasse esses escritos, que talvez pudessem ser necessários". No entanto, ele continuou à espera ...

Lúcia escreveu um reconto detalhado do acontecimento em carta para o seu confessor, Monsenhor Pereira Lopes, do Asilo de Vilar. Infelizmente esta carta perdeu-se, e só sabemos da sua existência porque se faz referência a ela numa carta posterior. A 29 de Dezembro, a Madre Magalhães informou o Bispo da Silva acerca do que havia acontecido, mas sem ser muito precisa.

Por essa altura, Lúcia recebeu finalmente resposta de Monsenhor Pereira Lopes. Ele expressou certas reservas, fez perguntas e aconselhou-a a esperar. Uns dias depois, a 15 de Fevereiro, Lúcia respondeu-lhe, fazendo-lhe uma narração detalhada dos acontecimentos. Felizmente, esta carta importantíssima foi-nos conservada. Vamos seguir passo a passo esse precioso texto, adicionando os nossos próprios subtítulos e comentários.

Uma espera dolorosa

"Revmo. Senhor Doutor:

Venho, com todo o respeito, agradecer a amável cartinha que a caridade de Vossa Reverência fez o favor de me escrever.

Quando a recebi, e vi que ainda não podia atender aos desejos de Nossa Senhora, senti-me um pouco triste. Mas logo refleti que os desejos de Nossa Senhora eram que eu obedecesse às ordens de Vossa Reverência.

Fiquei tranqüila e, no dia seguinte, quando recebi a Jesus Sacramentado, li-Lhe a carta e disse: ‘Ó meu Jesus! Eu, com a Vossa graça, a oração, a mortificação e a confiança, farei tudo quanto a Obediência me permitir e Vós me inspirardes; e o resto fazei-o Vós.’

Assim fiquei até ao dia 15 de Fevereiro. Esses dias foram duma contínua mortificação interior. Pensava se teria sido um sonho, mas sabia que não; sabia que tinha sido realidade. Mas se eu tinha correspondido tão mal às graças recebidas até ali, como é que Nosso Senhor Se dignava aparecer-me outra vez?

Chegava-se o dia de me ir confessar, e não tinha licença de dizer nada! Podia dizê-lo à Madre Superiora, mas durante o dia as minhas ocupações não mo permitiam! À noite, estava com dores de cabeça! E eu, temendo faltar à caridade, pensava: ‘Fica para amanhã! Ofereço-Vos este sacrifício, minha querida Mãe!’ E assim se passaram, um atrás do outro, todos os dias até hoje.

No dia 15, andava eu muito ocupada com o meu trabalho, e quase nem disso me lembrava. E indo eu despejar um caixote do lixo fora do quintal ..."

 

História de um prelúdio encantador (Novembro ou Dezembro de 1925)

"(No mesmo lugar) onde, alguns meses antes, tinha encontrado um menino a quem tinha perguntado se sabia a Ave-Maria, e, respondendo-me que sim, lhe mandei que a dissesse para eu ouvir. Mas como se não resolvia a dizê-la sozinho, disse-a eu com ele, três vezes. Ao fim das três Ave-Marias, pedi-lhe que a dissesse sozinho. Mas como se calou e não foi capaz de dizer a Ave-Maria sozinho, perguntei-lhe se sabia onde era a igreja de Santa Maria. Respondeu-me que sim. Disse-lhe que fosse lá todos os dias, e que dissesse assim: ‘Ó minha Mãe do Céu, dai-me o Vosso Menino Jesus!’ Ensinei-lhe isto, e vim-me embora."

Aqui, em virtude dos acontecimentos, Lúcia vê-se obrigada a falar um pouco de si própria, e as suas poucas confidências revelam-nos algo da sua alma maravilhosa. Perto da porta do jardim, ela encontra um menino. Lembra-se de lhe falar da Virgem Maria, para lhe ensinar a rezar. Depois pede-lhe para rezar a Ave-Maria... só pela alegria de a ouvir na sua voz. Como ele não conseguiu dizê-la sozinho, Lúcia recita-a com ele três vezes, de acordo com a prática antiga das três Ave-Marias em honra de Nossa Senhora.

Como o menino parecia não querer recitar a Ave-Maria sozinho, a nossa catequista – que não queria perder esta oportunidade de cumprir a sua missão de fazer conhecer e amar Nossa Senhora – sugeriu outra idéia: convidou-o a ir todos os dias à igreja de Santa Maria. De fato, a Basílica de Santa Maria Maior fica bastante perto da Casa das Irmãs Dorotéias. Foi este acontecimento um pouco antes ou depois da aparição do Menino Jesus, no dia 10 de Dezembro? Não o sabemos. Em todo o caso, a jovem postulante ensinou ao menino esta linda e breve oração, que certamente era dela também: a sua oração mais freqüente e fervorosa do Advento de 1925. "Ó Mãe do Céu, dai-me o Vosso Menino Jesus". E depois foi-se embora.

 

" Se Fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz ... virei pedir ... a comunhão reparadora nos primeiros sábados dos mês." ... (Nossa Senhora à Irmã Lúcia, 13 de Julho, 1917)

15 de Fevereiro de 1926: uma nova aparição do Menino Jesus

O emotivo relato de Lúcia, que estamos a citar extensamente, continua:

"No dia 15 de Fevereiro de 1926, voltando eu lá (a esvaziar um caixote do lixo), como é costume, encontrei de novo um menino que me parecia o mesmo da outra vez, e perguntei-lhe: ‘Então, tens pedido o Menino Jesus à Mãe do Céu?’ A criança volta-se para mim, e diz: ‘E tu? Tens espalhado pelo mundo aquilo que a Mãe do Céu te pediu?’ E, nisto, transforma-se num Menino resplandecente.

"Conhecendo, então, que era Jesus, disse-Lhe:

‘Meu Jesus! Vós bem sabeis o que o meu confessor me disse na carta que Vos li. Dizia que era preciso que aquela visão se repetisse, que houvesse fatos para ser acreditada; e a Madre Superiora, sozinha, a espalhar este fato, nada podia.’

É verdade que a Madre Superiora, só, nada pode; mas, com a Minha graça, pode tudo. E basta que o teu confessor te dê licença, e a tua Superiora o diga, para que seja acreditado, até sem se saber a quem foi revelado.’

‘Mas o meu confessor dizia na carta que esta devoção não fazia falta no mundo, porque já havia muitas almas que Vos recebiam nos primeiros sábados (do mês), em honra de Nossa Senhora e dos quinze Mistérios do Rosário.’

‘É verdade, Minha filha, que muitas almas os começam, mas poucas os acabam; e, as que os terminam, é com o fim de receberem as graças que aí são prometidas. Agrada-Me mais quem fizer os cinco (Primeiros Sábados) com fervor e com o fim de desagravar o Coração da tua Mãe do Céu, do que quem fizer os quinze, tíbio e indiferente. ’

‘Meu Jesus, muitas almas têm dificuldade em se confessar ao Sábado. Se Vós permitísseis que a confissão de oito dias fosse válida... ’

‘Sim. Pode ser; e de muitos dias mais, contanto que estejam em graça no primeiro sábado, quando Me receberem; e que, nessa confissão anterior, tenham feito a intenção de com ela desagravar o Sagrado Coração de Maria.’

‘Meu Jesus, e as que se esquecerem de formular essa intenção?’

‘Podem-na formular logo na confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem para se confessar. ’

"É verdade, Minha filha, que muitas almas os começam, mas poucas os acabam; e as que os terminam, é com o fim de receberem as graças que aí são prometidas. Agrada-Me mais quem fizer os cinco (Primeiros Sábados) com fervor e com o fim de desagravar o Coração da tua Mãe do Céu, do que quem fizer os quinze, tíbio e indiferente."

... Jesus falando à Irmã Lúcia de Fátima


 

II. A grande promessa e as suas condições

O mais assombroso de Pontevedra é, certamente, a incomparável promessa de Nossa Senhora: "A todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro Sábado...", cumprirem todas as condições pedidas, "Eu prometo assistir-lhes à hora da morte, com todas as graças necessárias para a salvação". Com generosidade ilimitada, a Santíssima Virgem promete aqui a maior, a mais sublime de todas as graças: a da perseverança final. Ora esta graça, ninguém a pode garantir para si próprio – nem com uma vida inteira de santidade, empregada em oração e sacrifício –, porque se trata de um dom puramente gratuito da Misericórdia Divina. E a promessa é sem nenhuma exclusão, limitação ou restrição: "A todos aqueles que... Eu lhes prometo...”.

 

1. O Primeiro Sábado de cinco meses seguidos

"Todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro Sábado..." Este primeiro requisito do Céu não contém nada de arbitrário, nem nada totalmente novo. Ajusta-se à tradição imemorial da piedade católica que, havendo dedicado as sextas-feiras para recordar a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e honrar o Seu Sacratíssimo Coração, acha perfeitamente natural dedicar os Sábados à Sua Mãe Santíssima. É esta tradição venerável que motivou a escolha do sábado.

Porém, isto não diz o suficiente: se virmos mais de perto, o grande pedido de Pontevedra aparece como a culminação feliz de um movimento completo de devoção. O que começou espontaneamente e foi mais tarde encorajado e codificado por Roma, não parece ser outra coisa senão a preparação providencial para o que estava para vir.

Os quinze sábados em honra de Nossa Senhora do Santíssimo Rosário. "Durante muito tempo, os membros das várias Confrarias do Rosário tiveram o costume de dedicar quinze sábados seguidos à Rainha do Santíssimo Rosário, antes da Sua festa ou em alguma outra época do ano. Em cada um destes sábados, todos recebiam os sacramentos e realizavam exercícios piedosos em honra dos quinze mistérios do Rosário". Em 1889, o Papa Leão XIII concedeu a todos os fiéis uma indulgência plenária num destes quinze sábados. Em 1892, "concedeu também, àqueles que estavam legitimamente impedidos ao sábado, a possibilidade de realizar este exercício piedoso no Domingo, sem perder as indulgências".

Os doze Primeiros Sábados do mês. Com São Pio X, a devoção dos primeiros sábados do mês foi aprovada oficialmente: "Todos os fiéis que, no primeiro sábado ou no primeiro domingo de doze meses seguidos, dedicarem algum tempo à oração vocal ou mental em honra da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem ganham, em cada um desses dias, uma indulgência plenária. As condições são: confissão, comunhão e oração pelas intenções do Soberano Pontífice".

A devoção reparadora dos Primeiros Sábados do mês. Por fim, a 13 de Junho de 1912, São Pio X concedeu novas indulgências a práticas que parece anteciparem exatamente os pedidos de Pontevedra: "Para promover a devoção dos fiéis para com a Imaculada Virgem Maria, Mãe de Deus, e para fazer reparação pelos ultrajes dos homens ímpios ao Seu Santíssimo Nome e aos Seus privilégios, São Pio X concedeu ao primeiro sábado de cada mês uma indulgência plenária, aplicável às almas do purgatório. As condições são: confissão, comunhão, oração pelas intenções do Soberano Pontífice e exercícios piedosos com o espírito de reparação, em honra da Virgem Imaculada". Exatamente cinco anos depois deste dia 13 de Junho de 1912, aconteceu em Fátima a grande manifestação do Imaculado Coração de Maria, "cercado de espinhos que O pareciam cravar". A Irmã Lúcia disse depois: "Nós compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que exigia reparação".

A 13 de Novembro de 1920, o Papa Bento XV concedeu novas indulgências a esta mesma prática, quando realizada no primeiro sábado de oito meses seguidos.

Uma devoção tradicional... Que maravilhoso é ver o Céu contente pela coroação dum grande movimento de piedade católica, sem fazer mais nada senão dar precisão às decisões de um Papa, sendo esse Papa São Pio X! Também a Santíssima Virgem tinha vindo a Lourdes, confirmar as declarações infalíveis do Papa Pio IX.

Ora bem: ao pedir ao Papa a aprovação solene da Devoção de Reparação revelada em Pontevedra, Nossa Senhora não estava realmente a pedir nada impossível. A Providência tinha preparado tudo tão bem que, em 1925 -1926 esta devoção concordava perfeitamente com uma série de decisões papais que foram precursoras e que "anunciavam" a devoção do Primeiro Sábado.

... E, no entanto, uma devoção novíssima... Apesar do que foi dito, encontramos novos elementos na mensagem de Pontevedra! Em primeiro lugar, a concessão de excessos de generosidade que só o Céu pode ter a liberdade de conceder: no dia 10 de Dezembro, a Virgem Maria já não pede quinze, nem doze, nem sequer oito sábados a Ela dedicados; Ela bem sabe da nossa falta de constância e pede só cinco sábados – tantos como as dezenas do nosso Terço.

Porém, é sobretudo a promessa unida a esta devoção que aumentou de um modo impressionante. Já não é um caso de indulgências (ou seja, a remissão do castigo por pecados já perdoados); trata-se, antes, de uma graça muito mais notável: a certeza de receber, à hora da morte, "todas as graças necessárias para a salvação". É difícil imaginar uma promessa mais maravilhosa, porque se refere ao êxito ou ao fracasso no "nossa única e mais importante tarefa: a da nossa salvação eterna".

 

2. Confissão

Já vimos que não é necessário confessar-se no primeiro sábado. Se há um impedimento qualquer, a confissão pode fazer-se ainda passados oito dias; mas deve fazer-se, pelo menos, uma confissão mensal. É claro que, tanto quanto possível, é preferível que a confissão se faça num dia próximo do primeiro sábado.

O pensamento de fazer reparação ao Imaculado Coração de Maria deve estar igualmente presente. Desta maneira, diz o Padre Alonso: "A alma anexa ao motivo principal de arrependimento pelos nossos pecados – que será sempre a idéia de que o pecado é uma ofensa contra Deus que nos redimiu em Cristo – um outro motivo de arrependimento, que sem duvida terá uma influência benéfica: arrependimento pela ofensa feita ao Imaculado e Doloroso Coração da Virgem Maria".

 

3. A Comunhão reparadora dos Primeiros Sábados

A Comunhão reparadora é, decerto, o ato mais importante da Devoção de Reparação, e todos os outros atos se concentram em seu redor. Para entender o significado e importância desta devoção, devemos considerá-la em relação com a Comunhão milagrosa do Outono de 1916 que, graças às palavras do Anjo, já estava totalmente orientada para a idéia de Reparação.19 A Comunhão reparadora também deve relacionar-se com a Comunhão das nove Primeiras Sextas-Feiras de cada mês, pedido pelo Sagrado Coração de Jesus em Paray-le-Monial.

Alguém poderia objetar: receber a Comunhão no primeiro sábado de cinco meses seguidos é quase impossível para muitos fiéis, que não têm Missa na sua paróquia nesse dia ... É essa mesma pergunta que o Padre Gonçalves, confessor de Lúcia, lhe faz numa carta de 29 de Maio de 1930:

"E quem não puder cumprir com todas as condições no sábado, não satisfará com os domingos? Os que trabalham nas fazendas, por exemplo, não poderão com freqüência, porque moram bastante longe...”.

Nosso Senhor deu a resposta à Irmã Lúcia na noite de 29 para 30 de Maio de 1930: "Será igualmente aceite a prática desta devoção no domingo seguinte ao primeiro sábado, quando os Meus sacerdotes, por justos motivos, assim o concederem às almas."21 Nesse caso, não só a Comunhão, mas também a reza do Terço e a meditação sobre os mistérios se podem transferir para o domingo, por motivos justificados que os sacerdotes deverão avaliar. É fácil pedir essa autorização durante a confissão. Repare-se, de novo, no caráter católico e eclesial da Mensagem de Fátima: é aos Seus sacerdotes, e não à consciência individual, que Jesus dá a responsabilidade de outorgar esta concessão adicional.

Depois de tantas concessões, quem poderia ainda argumentar que não pode cumprir os pedidos da Virgem Maria?

 

4. Recitação do Terço

Em cada uma das seis aparições em 1917, Nossa Senhora pediu que rezassem o Terço todos os dias. Como se trata de fazer reparação pelas ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria, que outra oração vocal Lhe poderia ser mais agradável?22

 

5. A meditação de quinze minutos sobre os Quinze Mistérios do Rosário

Para além do Terço, Nossa Senhora pede quinze minutos de meditação sobre os quinze mistérios do Rosário. Isto não significa, evidentemente, que seja preciso um quarto de hora para cada mistério! Não é necessário mais do que um quarto de hora no total! Também não é indispensável meditar cada mês sobre os quinze mistérios. Lúcia escreve ao Padre Gonçalves: "Fazer quinze minutos de companhia a Nossa Senhora, meditando nos mistérios do Rosário". À sua mãe, Maria Rosa, Lúcia escreveu essencialmente o mesmo, a 24 de Julho de 1927, sugerindo-lhe a meditação só sobre alguns dos mistérios, que podem escolher-se livremente:

"Queria também que a mãe me desse a consolação de abraçar uma devoção que sei é do agrado de Deus, e que foi a nossa querida Mãe do Céu quem a pediu. Logo que tive conhecimento dela, desejei abraça-la e fazer com que todos os demais a abraçassem.

Espero, portanto, que a mãe me responderá a dizer que a faz, e que vai procurar fazer com que todas essas pessoas que aí vão a abracem também. Não poderá nunca dar-me consolação maior do que esta.

 

No dia 13 de Outubro de 1917 Nossa Senhora de Fátima mostrou o Seu Escapulário do Carmo, lembrando-nos solenemente a Sua promessa: "Receba este Escapulário: qualquer pessoa que morra com ele posto não sofrerá o fogo eterno. Será um sinal de salvação, uma proteção no perigo, e uma promessa de paz". Veja-se Um Manto de Misericórdia e de Graça, página 43.

Consta só em fazer o que vai escrito neste santinho. A confissão pode ser noutro dia, e os quinze minutos (de meditação) é o que me parece que lhe vai fazer mais confusão. Mas é muito fácil. Quem não pode pensar nos mistérios do Rosário? Na anunciação do Anjo e na humildade da nossa querida Mãe que, ao ver-Se tão exaltada, Se chama escrava? Na Paixão de Jesus, que tanto sofreu por nosso amor? Na nossa Mãe Santíssima junto de Jesus, no Calvário? Quem não pode assim, nestes santos pensamentos, passar quinze minutos junto da Mãe mais terna das mães?

Adeus, minha querida mãe. Console assim a nossa Mãe do Céu, e procure que muitos outros A consolem também; e assim dar-me-á, também a mim, uma inexplicável alegria...

"Sou sua filha muito dedicada, que lhe beija a mão."

Nesta bela carta, a Irmã Lúcia insiste na sexta condição, que é a principal: cada uma destas devoções deve cumprir-se "com o espírito de reparação" para com o Imaculado Coração de Maria.

"Console assim a nossa Mãe do Céu...”, escreveu ela.

 

6. A intenção de fazer reparação: "Tu, ao menos, vê de Me consolar".

Sem esta intenção geral, sem esta vontade de amor que quer fazer reparação a Nossa Senhora para A consolar, todas as práticas externas são, por si só, insuficientes para obter a magnífica promessa. Isto é claro.

A prática da Comunhão reparadora deve ser atenta e fervorosa. Assim o explicou Nosso Senhor à Irmã Lúcia, na Sua aparição do dia 15 de Fevereiro de 1926: "É verdade, Minha filha, que muitas almas os começam (a prática dos quinze sábados) mas poucas os acabam; e as que os terminam, é com o fim de receberem as graças que aí são prometidas. Agrada-Me mais quem fizer os cinco (Primeiros Sábados) com fervor e com o fim de desagravar o Coração da tua Mãe do Céu, do que quem fizer os quinze, tíbio e indiferente ... " Nossa Senhora pede-nos tão pouco, precisamente para que possamos fazê-lo de todo o coração. Mas isso não significa que o faremos sempre com muito fervor sensível: segundo a grande máxima da espiritualidade, "Querer amar é amar".

As breves palavras do Menino Jesus e de Nossa Senhora no dia 10 de Dezembro de 1925 dizem tudo, e fazem-nos compreender o verdadeiro espírito desta Devoção Reparadora:

"Olha, Minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens ingratos a todo o momento Me cravam, com blasfêmias e ingratidões... sem haver quem faça um ato de reparação para os tirar ... Tu, ao menos, vê de Me consolar".

Esta imagem, que é tão expressiva, diz tudo: as blasfêmias e a ingratidão dos pecadores são como muitos espinhos cruéis que só podemos retirar por meio dos nossos atos de amor e de reparação. Porque o amor, ou "a compaixão", é a alma de todas estas práticas. Trata-se de consolar o Imaculado Coração da "Mãe mais terna", que se sente muito ultrajada.

Lúcia compreendeu isto perfeitamente nesse mesmo momento. A parte final da sua carta a Monsenhor Pereira Lopes, onde descreve a aparição do Menino Jesus a 15 de Fevereiro de 1926, é disso um testemunho eloqüente:

“Nisto, desapareceu, sem que até hoje eu tenha sabido mais nada dos desejos do Céu”.

E, quanto aos meus, (ele continua) são que nas almas se acenda a chama do amor divino e que, elevadas nesse amor, consolem muito o Sagrado Coração de Maria. Eu tenho, pelo menos, o desejo de consolar muito a minha querida Mãe do Céu, sofrendo muito por Seu amor".

Deve prestar-se a devida atenção à originalidade desta mensagem. Porque aqui não há duvida, pelo menos na essência, de que se trata de consolar a Santíssima Virgem, tendo compaixão do Seu Coração trespassado pelos sofrimentos de Seu Filho. É certo que a Mensagem de Fátima pressupunha já este aspecto tradicional da piedade católica: a 13 de Outubro de 1917, Nossa Senhora das Sete Dores apareceu no céu aos pastorinhos. Mas o significado mais preciso da Devoção Reparadora pedida em Pontevedra não consiste tanto na meditação sobre os mistérios dolorosos do Rosário, como na consideração das ofensas que o Imaculado Coração de Maria recebe – agora – dos homens ingratos e blasfemos que recusam a Sua mediação maternal e desprezam as Suas prerrogativas divinas*. Tudo isto são muitos espinhos que devemos retirar do Seu Coração, por meio de práticas de amor e de reparação, para A consolar e, ainda, para obter o perdão para as almas que tiveram a audácia de A ofender tão gravemente.

Nada pode ajudar-nos a entender melhor o verdadeiro espírito da Reparação pedida por Nossa Senhora de Fátima do que o relato de uma revelação importante feita à Irmã Lúcia no dia 29 de Maio de 1930.

 

III. O espírito da Devoção de Reparação:

A Revelação do dia 29 de Maio de 1930

A Irmã Lúcia estava em Tuy nessa época. O seu confessor, o Padre Gonçalves, tinha-lhe feito uma série de perguntas por escrito. Lembramos aqui só a quarta: "Porque hão de ser cinco sábados – perguntou ele – e não nove, ou sete em honra das Dores de Nossa Senhora?" Nessa mesma noite, a vidente implorou a Nosso Senhor que a inspirasse com uma resposta a essas perguntas. Poucos dias depois, ela enviou o seguinte ao seu confessor.

"Ficando na capela, com Nosso Senhor, parte da noite do dia 29 para 30 deste mês de Maio de 1930 (sabemos que era seu costume ter uma hora santa das onze à meia-noite, especialmente às quintas-feiras, segundo os pedidos do Sagrado Coração de Jesus em Paray-le-Monial), e falando a Nosso Senhor das duas perguntas, quarta e quinta, senti-me, de repente, possuída mais intimamente da Sua Divina Presença. E, se não me engano, foi-me revelado o seguinte:

‘Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria:

1. As blasfêmias contra a Imaculada Conceição;

2. As blasfêmias contra a Sua Virgindade;

3. As blasfêmias contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;

4. Os que procuram publicamente infundir, no coração das crianças, a indiferença, o desprezo e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;

5. Os que A ultrajam diretamente nas Suas sagradas imagens.

Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação ...’

 

Os espinhos do Imaculado Coração de Maria

Sigamos neste ponto o Padre Alonso que, no seu estudo sobre a Mensagem de Pontevedra, faz um extenso e útil comentário sobre as cinco ofensas contra o Imaculado Coração de Maria enumeradas por Nosso Senhor.

A Irmã Lúcia de Fátima conta a Visão do Inferno da maneira seguinte: "Vimos como que um mar de fogo. Mergulhados nesse fogo, os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras, ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhantes ao cair das fagulhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizavam e faziam estremecer de pavor. Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes como negros carvões em brasa. Esta vista foi um momento. E graças à nossa boa Mãe do Céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição). Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. (Nossa Senhora disse) 'Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no Mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração.' "


 

As blasfêmias de homens hereges, cismáticos e ímpios

Cegos por um ecumenismo enganador, houve a tendência, a partir de 1962, de esquecer que existe uma verdade evidente, relembrada aqui pela Mensagem de Fátima: aqueles que, obstinadamente e com pleno conhecimento, negam abertamente as prerrogativas da Santíssima Virgem Maria, cometem as blasfêmias mais odiosas respeitante a Ela.

Primeira blasfêmia: Contra a Imaculada Conceição. O Padre Alonso pergunta: "Quem são aqueles que podem cometer esta ofensa contra o Imaculado Coração de Maria?" A resposta não deixa dúvida: "Em primeiro lugar e em geral, as seitas protestantes que recusam receber o dogma definido pelo Papa Pio IX e que continuam a sustentar que a Santíssima Virgem foi concebida com a mancha do pecado original e, ainda, de pecados pessoais. O mesmo poderia dizer-se dos cristãos orientais (dissidentes), já que, apesar da sua grande devoção Mariana, também recusam este dogma".

Segunda blasfêmia: Embora os Ortodoxos a admitam, a maioria dos Protestantes também recusa a Virgindade perfeita e perpétua de Maria "antes, durante, e depois de dar à luz".

Terceira blasfêmia: Embora, teoricamente, eles aceitem a Maternidade Divina de Maria definida no Concílio de Éfeso, negam-se a reconhecê-La como a Mãe dos homens no sentido católico, o que implica a negação do Seu papel como Co-redentora e Mediadora de Graça.

Quarta blasfêmia: Refere-se à perversão das crianças pelos inimigos de Nossa Senhora, que tratam de lhes inculcar indiferença, desprezo ou mesmo ódio para com a Virgem Imaculada; e a quinta blasfêmia, pela qual A ultrajam nas Suas imagens sagradas. Estes dois últimos pecados não são mais do que a conseqüência lógica dos três primeiros, e estão frequentemente unidos a eles. A iconoclastia – ou, pelo menos, a recusa obstinada da teologia católica em relação às imagens sagradas – está muito longe de desaparecer.

Em resumo: durante três séculos e meio a contra-igreja tem travado uma luta furiosa e sem descanso contra a Imaculada Virgem Maria, contra a promoção da devoção para com Ela, contra a Sua soberania nos corações e, sobre todas as sociedades. Seguindo os passos do protestantismo – depois do jansenismo e do seu frio desprezo por uma verdadeira devoção à Santíssima Virgem, do racionalismo dos séculos XVIII e XIX, assim como do modernismo do século XX –, essas forças contrárias continuam a atacar a doutrina e devoção Marianas com o mesmo desprezo e perfídia. Por fim, é sabido o modo como o comunismo bolchevique tentou, por todos os meios possíveis, destruir a veneração profunda da Mãe de Deus ancorada na alma do povo russo. Os ícones sagrados tiveram de desaparecer, foram destruídos ou escondidos... e ainda estão à espera de melhores dias.

As blasfêmias de filhos rebeldes e ingratos. Há, porém, algo mais grave, muitíssimo mais sério do que todas as ofensas de homens hereges, cismáticos, apóstatas e ímpios. São as blasfêmias dos próprios filhos da Igreja contra o Imaculado Coração de Maria. Com o passar do tempo, a mensagem de Pontevedra parece assombrosamente profética.

O Padre Ricardo, diretor do Exército Azul em França e que muito dificilmente poderia considerar-se suspeito de pessimismo abusivo, comenta a este respeito: "Quem poderia ter imaginado, há 50 anos atrás, que estas cinco grandes ofensas contra Maria se estenderiam no seio do clero da própria Igreja Católica, e que um grande número de batizados e catequizados, até mesmo nas nossas paróquias, não sabe já rezar a ‘Ave-Maria’?" O Padre Alonso viu-se na obrigação de fazer observações semelhantes.

Esta situação é hoje tão visível que qualquer comentário é supérfluo. Há certos teólogos, certos sacerdotes e certos bispos que são culpados das cinco blasfêmias! Não são só uns poucos casos excepcionais; são centenas e talvez milhares. Não basta fazer uma observação sobre o fato. Temos de descobrir as causas disto, e explicar como foi possível chegarmos a tal ponto. Pelo menos o Padre Alonso descreveu o acontecimento com exatidão: "A grande ‘era Mariana’, inaugurada em 1854 com a definição do dogma da Imaculada Conceição – atreve-se ele a escrever – terminou com o Concílio Vaticano Segundo.34 Mas como aconteceu isto? E porquê esta declinação alarmante da devoção Mariana, que ainda estava em pleno florescimento quando morreu o Papa Pio XII? É o que teremos de examinar depois, no contexto do Terceiro Segredo.

Mas podemos desde já comentar que o elemento primeiro da Mensagem de Fátima é a Fé – uma fé precisa e dogmática. Uma devoção verdadeira à Santíssima Virgem pressupõe, sempre e necessariamente, ter fé nos Seus privilégios e prerrogativas, infalivelmente definidos pelo Papa ou ensinados pelo magistério da Igreja, e unanimemente acreditados pelos fiéis através dos séculos. É também certo que os pecados mais graves contra a Santíssima Virgem são, primeiro que tudo, pecados contra a Fé. Esta importante leitura dos fatos deve ter-se sempre em mente.

 

A Devoção de Reparação: um segredo de misericórdia para com os pecadores

Depois de enumerar as cinco blasfêmias que ofendem gravemente a Sua Mãe Santíssima, Nosso Senhor deu à Irmã Lúcia a explicação decisiva que nos permite penetrar no segredo do Seu Imaculado Coração, transbordante de misericórdia para com todos os pecadores, até mesmo para com aqueles que A desprezam e ultrajam:

"Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação e, em atenção a ela, mover a Minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de A ofender. Quanto a ti, procura sem cessar, com as tuas orações e sacrifícios, mover-Me à misericórdia para com essas pobres almas."

"O pecado contra o Espírito Santo". Aqui temos um dos temas principais da Mensagem de Fátima. Uma vez que Deus decidiu manifestar cada vez mais o Seu grande desígnio de amor — que consiste em conceder aos homens todas as graças, através da mediação da Virgem Imaculada — parece que a recusa dos homens em se submeterem com docilidade à vontade de Deus assim expressa é a falta que mais gravemente fere o Seu Coração, que já não encontra em Si próprio nenhuma inclinação para perdoar. Parece um pecado sem perdão, porque para o Nosso Salvador não há crime mais imperdoável que o de desprezar a Sua Mãe Santíssima e o de "ultrajar o Seu Imaculado Coração, que é o Santuário do Espírito Santo. Isto é cometer ‘a blasfêmia contra o Espírito Santo, que não será perdoada neste mundo nem no outro’."

Em 1929, na aparição de Tuy – que é o cumprimento final de Fátima –, Nossa Senhora conclui a manifestação extraordinária da Santíssima Trindade com estas palavras surpreendentes: "São tantas as almas que a Justiça de Deus condena, por pecados contra Mim cometidos, que venho pedir reparação. Sacrifica-te por esta intenção e ora". Estas palavras são tão fortes que vários tradutores tomaram a liberdade de diluir o seu significado.

"Um pequeno ato de reparação" para salvar os maiores pecadores. Sim, Nossa Senhora afirma tristemente que muitas almas se perdem por causa do seu desprezo e das blasfêmias contra Ela ... Assim, e para nos dar o exemplo de amar os nossos inimigos, Ela própria intervém, porque só Ela pode ainda salvar esses monstros de orgulho e ingratidão que se revoltaram contra Ela. Como "Mãe de Misericórdia e Mãe do Perdão", como cantamos na Salve Mater, Ela intercede por nós ante Seu Filho. Que a devoção filial de almas fiéis e as Comunhões reparadoras oferecidas nos Cinco Primeiros Sábados possam consolar o Seu ultrajado Coração, e ser aceites por Jesus como reparação pelos crimes dos pecadores. Nossa Senhora ora para que Ele se digne aceitar esta "pequena devoção" e assim, tendo em conta este "pequeno ato de reparação" ao Seu Coração Imaculado, se digne conceder o perdão, apesar de tudo, aos ingratos e blasfemos, a todas as pobres almas que tiveram a ousadia de A ofender — a Ela, Sua Mãe Santíssima!

E, como sempre, Nosso Senhor concede-Lhe o Seu desejo. Deste modo, Ele faz com que a Devoção da Reparação seja um meio seguro e eficaz de converter almas, muitas almas, de entre aquelas que estão em maior perigo de se perderem para sempre. Devemos citar aqui um texto importante, no qual até a "grande promessa" é uma consideração secundária, perante a intenção primeira do Imaculado Coração de Maria que é a salvação de todos os pecadores. Em Maio de 1930, a Irmã Lúcia escreveu ao Padre Gonçalves:

"Parece-me que o nosso bom Deus, no fundo do meu coração, insta comigo para que peça ao Santo Padre a aprovação da devoção reparadora que o próprio Deus e a Santíssima Virgem se dignaram pedir em 1925, para, em atenção a esta pequena devoção, dar a graça do perdão às almas que tiveram a desgraça de ofender o Imaculado Coração de Maria, prometendo a Santíssima Virgem, às almas que deste modo A queiram reparar, assistir-lhes, à hora da morte, com todas as graças necessárias para se salvarem."

Reparação necessária. A salvação das almas, de todas as almas – "principalmente as que mais precisarem" –, arrebatando-as a todas do fogo do inferno que as ameaça é, portanto, em última análise, a intenção principal da prática dos Primeiros Sábados do mês. Foi essa mesma intenção que Nossa Senhora já tinha indicado no dia 19 de Agosto de 1917, quando recomendou aos pastorinhos a urgência de rezarem e fazerem sacrifícios: "Rezai, rezai muito; e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas".

A Santíssima Virgem Maria foi chamada Mediadora universal e Mãe da Divina Graça. Mas por um desígnio da Providência que nos manda estar unidos a Ela, Nossa Senhora não pode agir sozinha. Ela precisa de nós, do nosso amor consolador e das nossas "pequenas devoções" de reparação, para salvar as almas do Inferno. Excelso e grandioso é o mistério da comunhão dos santos, que faz com que a salvação de muitas almas dependa, realmente, da nossa própria generosidade! E temos um bom motivo para demonstrarmos generosidade! Como poderíamos recusar esta ação missionária que Nossa Senhora espera de nós, que Ela fez tão fácil de cumprir – com autorização de um sacerdote, tudo se pode transferir para Domingo –, e quando as práticas requeridas são tão eficazes e fecundas? É que, através desta devoção, muitas almas em perigo iminente de se perderem para sempre podem obter, no último momento e apesar delas próprias, a graça da sua conversão.

Para consolar o Imaculado Coração de Maria trespassado de espinhos, para fazer reparação pelos ultrajes que o Seu Coração recebe dos pecadores por meio da oração e do sacrifício – é este o requisito mais preciso desta primeira parte do Segredo, que Nossa Senhora veio lembrar e clarificar em Pontevedra, em 1925: "Tu, ao menos, vê de Me consolar". O Santo Sacrifício da Missa e a Sagrada Comunhão oferecidos a Deus com o espírito de reparação são-nos agora apontados como o sacrifício mais perfeito e a oração mais eficaz.

Tudo isto nos ajuda a entender a insistência urgente de Nossa Senhora, o Seu ardente desejo de que esta Devoção de Reparação seja praticada por toda a parte e com a maior freqüência possível. Esta é a devoção mais apreciada por Ela, porque é a mais perfeita e, por isso, a mais eficaz para a salvação das almas. E porque a Santíssima Virgem deseja a nossa cooperação a todo o custo, associou a esta devoção as promessas mais maravilhosas...

 

"Desta devoção depende a guerra ou a paz do Mundo". Com efeito, para além da conversão dos pecadores e da nossa salvação eterna, Nossa Senhora determinou que a Comunhão reparadora ficasse unida a outra promessa magnífica: o dom da Paz.

A 19 de Março de 1939, a Irmã Lúcia escrevia:

"Da prática desta devoção, unida à consagração ao Coração Imaculado de Maria, depende a guerra ou a paz do Mundo. Por isso eu desejava tanto a sua propagação, e, sobretudo, por ser essa a vontade do nosso bom Deus e da nossa tão querida Mãe de Céu ..."

E no dia 20 de Junho do mesmo ano:

"Nossa Senhora prometeu adiar para mais tarde o flagelo da guerra, se for propagada e praticada esta devoção. Vemo-La afastando esse castigo à medida que se vão fazendo esforços para a propagar; mas eu tenho medo que nós possamos fazer mais do que fazemos e que Deus, pouco contente, levante o braço da Sua Misericórdia e deixe o mundo assolar-se com esse castigo, que será como nunca houve, horrível, horrível."

Dois meses depois, era declarada guerra. Ainda nada se tinha feito para corresponder aos pedidos do Céu.

"Quero em toda a Minha Igreja ...

pôr, ao lado da devoção

do Meu Divino Coração,

a devoção deste Imaculado Coração."

... Jesus à Irmã Lúcia

Do Primeiro Segredo ao Segundo

Este anúncio profético leva-nos diretamente a uma tragédia. É a grande tragédia de caráter religioso e político que, em vinte anos, levou a nossa Europa cristã a uma guerra atroz, a mais mortífera de toda a história; e depois a outra, mais sangrenta e ainda mais horrível nas suas conseqüências devastadoras. Num curto espaço de tempo, esta guerra entregou nações e quase continentes inteiros à escravidão do barbarismo soviético. Vejamos agora a forma como Nossa Senhora profetizou esta terrível tragédia, identificando, a 13 de Julho de 1917, as suas fases mais importantes e as suas causas secretas. É esta a segunda parte do Seu grande Segredo.

 

O segredo capital:

o Imaculado Coração de Maria como salvação das almas. Clarifiquemos desde já que este "segundo segredo" depende estritamente do primeiro, cuja importância é primordial. Porque, como descobriremos na segunda parte do nosso estudo, a grande política divina revelada pela Rainha do Céu na Cova da Iria, tanto com as promessas de paz universal e durável, como com as ameaças de castigos espantosos — todo este plano de ação divina é só um instrumento utilizado pela Misericórdia de Deus para obter a salvação das almas, no maior número possível.

Depois de tudo, é à primeira parte do Segredo que devemos regressar sempre, por ser, indiscutivelmente, a principal e a mais importante aos olhos de Deus: salvar as almas, todas as almas, do único verdadeiro mal — porque é o único mal eterno —, para as livrar a qualquer preço das chamas do Inferno. É esta também a primeira preocupação do Imaculado Coração de Maria. Em Fátima, a Senhora revelou este Imaculado Coração como refúgio e último recurso dos pecadores, mesmo dos mais odiosos e miseráveis, porque Ela é a Mediadora de Misericórdia, a Porta do Céu. Esta é a primeira parte do Seu grande segredo, porque é também o primeiro segredo do Seu Coração. A Irmã Lúcia descreveu o primeiro Segredo (a visão do Inferno) na sua Autobiografia, e continuou:

"Assustados e como que a pedir socorro, levantamos a vista para Nossa Senhora, que nos disse, com bondade e tristeza:

‘Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no Mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração ...

‘... Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz ...

‘... virei pedir a comunhão reparadora nos primeiros sábados.’ "

A pequena Jacinta entendeu perfeitamente esta importante advertência de Nossa Senhora para a salvação das almas. A sua alma ficou completamente penetrada por ela, como mostra o episódio seguinte: "às vezes – lembra a Irmã Lúcia –, andava a apanhar as flores do campo e a cantar, com uma música arranjada por ela naquele momento:

"Doce Coração de Maria, sede a minha salvação!
Imaculado Coração de Maria,
convertei os pecadores,
livrai as almas do Inferno!"42

Com efeito, são estas as palavras que resumem a essência do "primeiro Segredo": é através do Imaculado Coração de Maria que a Santíssima Trindade quer salvar hoje as nossas almas, todas as almas, para as arrebatar das chamas do Inferno e lhes abrir as portas do Céu.

 

A Irmã Lúcia explica a Devoção de Reparação dos Primeiros Sábados

A Irmã Lúcia tomou esta "devoção amorosa" tanto a peito que constantemente volta a ela na sua correspondência. Não há nada mais capaz, sem dúvida, de tocar os nossos corações do que esta insistência da mensageira de Nossa Senhora. Aqui ficam alguns destes belos textos:

Nunca me sinto tão feliz como quando chega o primeiro sábado ..."

No dia 1 de Novembro de 1927, Lúcia escreve à sua madrinha do crisma, Dona Maria Filomena Morais de Miranda:

"Não sei se já tem conhecimento da devoção reparadora dos cinco sábados ao Imaculado Coração de Maria; mas como ainda é nova, lembrou-me de lha indicar, por ser uma coisa pedida pela nossa querida Mãe do Céu, e por Jesus ter manifestado desejo de que seja abraçada. Pareceu-me por isso que a Madrinha estimará muito não só de ter conhecimento dela, para dar a Jesus a consolação de a praticar, mas também de a fazer conhecer e abraçar por muitas outras pessoas.

"Consta no seguinte: durante cinco meses, no primeiro sábado, receber Jesus Sacramentado, rezar um Terço, fazer quinze minutos de companhia a Nossa Senhora meditando nos mistérios do Rosário1 e fazer uma confissão. Esta pode ser alguns dias antes e, se nesta confissão anterior nos esquecermos de formular a intenção, (requerida) podemos oferecer a confissão seguinte, contanto que no primeiro, sábado se receba a Sagrada Comunhão em estado de graça com o fim de reparar as ofensas que se proferem contra a Santíssima Virgem, e que trazem amargurado o Seu Imaculado Coração.2

Parece-me, minha boa Madrinha, que somos felizes por poder dar à nossa querida Mãe do Céu esta prova de amor que sabemos deseja que se Lhe ofereça. Quanto a mim, confesso que nunca me sinto tão feliz como quando chega o primeiro sábado. E não é verdade que a nossa maior felicidade está em sermos todas de Jesus e Maria, em amá-Los a Eles só, sem reserva? Vemos isto tão claro na vida dos santos ... Eles eram felizes porque amavam, e nós, minha boa Madrinha, havemos de procurar amar como eles, não só para gozar a Jesus, que é o menos — se O não gozarmos cá, gozá-l’O-emos lá — mas para darmos a Jesus e a Maria a consolação de serem amados ... e que assim, em troca deste amor, salvassem muitas almas. Adeus, minha boa madrinha; abraço-a nos Corações Santíssimos de Jesus e Maria."

A 4 de Novembro de 1928, depois de várias tentativas para obter uma aprovação oficial do Bispo da Silva, a Irmã Lúcia escreve ao Padre Aparício:

"Espero, portanto, que o nosso bom Deus Se dignará inspirar a Sua Ex.cia Rv.ma uma resposta favorável, e que colherei, entre tantos espinhos, esta flor, vendo ainda na terra amado e consolado o maternal Coração da Santíssima Virgem. Agora é este o meu desejo, porque é também esta a vontade do bom Deus. A maior alegria que sinto é ver o Imaculado Coração da nossa terníssima Mãe conhecido, amado e consolado, por meio desta devoção".

No dia 31 de Março de 1929, a Irmã Lúcia escreve de novo ao Padre Aparício, acerca do Cônego Formigão e do Padre Rodríguez que desejam pregar a Devoção Reparadora:

"Espero que o nosso Divino Jesus irá fazer de Suas Rv.cias, segundo o grande desejo que tem da propagação desta amável devoção, dois apóstolos ardentes da devoção reparadora ao Imaculado Coração de Maria. Não imagina V. Rv.cia como é grande a minha alegria em pensar na consolação que com esta devoção vão receber os Sagrados Corações de Jesus e de Maria, assim como a lembrança de um número imenso de almas que por meio desta amável devoção se vão salvar. Digo ‘que se vão salvar’, porque ainda não há muito tempo que o nosso bom Deus, na Sua infinita misericórdia, me pediu para procurar forma de fazer reparação com os meus sacrifícios e orações, e reparar de preferência o Imaculado Coração de Maria e suplicar, para as almas que contra Ele blasfemam, o perdão e a misericórdia, pois que a estas almas a Sua divina misericórdia não perdoa sem reparação ... "

 

"De que modo faço as meditações."

Nesta devoção que é tão simples e fácil, a Irmã Lúcia escreve a sua mãe: "Os quinze minutos (de meditação) é o que me parece que lhe vai fazer mais confusão. Mas é muito fácil". Trata-se de "acompanhar a Nossa Senhora por quinze minutos"; e não é necessário, de modo algum, meditar sobre todos os quinze mistérios do Rosário: pode escolher-se um deles, ou dois. Numa carta citada pelo Padre Martins, a Irmã Lúcia escreve:

"De que modo faço as meditações sobre os mistérios do Rosário, nos primeiros sábados: primeiro mistério, a Anunciação do Anjo S. Gabriel a Nossa Senhora. 1.º Prelúdio: representar esse fato no meu espírito e ouvir o Anjo a saudar Nossa Senhora com estas palavras ‘Ave, Maria, cheia de graça!’.

2.º Prelúdio: pedir a Nossa Senhora que infunda na minha alma um profundo sentimento de humildade.

"1.º Ponto: Meditarei no modo como o Céu proclama a Santíssima Virgem cheia de graça, bendita entre todas as mulheres e destinada a ser a Mãe de Deus.

"2.º Ponto: A humildade de Nossa Senhora, reconhecendo-se e dizendo-se a escrava do Senhor.

"3.º Ponto: Como devo imitar Nossa Senhora na Sua humildade; quais as faltas de orgulho e soberba com que mais costumo desgostar a Nosso Senhor; e quais os meios que tenho de empregar para os evitar, etc.

"No segundo mês faço a meditação do segundo mistério gozoso; no terceiro mês, do terceiro, e assim sucessivamente, seguindo o mesmo método de meditação. Quando acabo estes Cinco Primeiros Sábados começo outros cinco, e medito sobre os mistérios dolorosos; depois, os gloriosos e, quando acabo estes, começo de novo com os mistérios gozosos".

Desta forma, a Irmã Lúcia revela-nos que, sem se contentar só com uma prática dos Cinco Primeiros Sábados, ela pratica todos os meses "a amável Devoção Reparadora" pedida por Nossa Senhora. Como se trata de "consolar a Nossa Mãe do Céu" e de interceder eficazmente pela salvação das almas, porque não seguir o seu exemplo e renovar esta prática piedosa frequentemente? Poderíamos também pedir a esta boa Mãe, com a firme esperança de sermos escutados, a assistência especial à hora da morte, "com todas as graças necessárias para a salvação", para esta ou aquela alma que Lhe confiarmos – tal como Ela nos prometeu em troca desta "pequena devoção", cumprida com amor e com espírito de Reparação.

 

O que é Fátima?

Fátima é a intervenção do Céu para nos salvar da perseguição, da guerra, da aniquilação, da escravidão e do Inferno.

Fátima é uma visita de Maria, Nossa Mãe do Céu, na nossa época e para a nossa época. É uma Mensagem de afeto, um plano prático para a paz no mundo, uma promessa do Céu.

É a intervenção do Céu para nos salvar de perseguições, martírios, guerras, escravidão ou aniquilação. É, sobretudo, uma maneira de salvar as nossas almas do Inferno. A Mensagem de Fátima é para si!

Hoje, por disposição da divina Providência, Nossa Senhora convida-o a aprender toda a verdade sobre Fátima, ao dar-lhe esta oportunidade de conhecer a Sua bela Mensagem.

A Santíssima Virgem Maria, Mãe de Deus, apareceu seis vezes aos três pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta, entre 13 de Maio e 13 de Outubro de 1917. Ela desceu à pequena aldeia de Fátima, que tinha permanecido fiel à Igreja Católica durante as perseguições do Governo de então.

A Mensagem de Nossa Senhora

Senhora trouxe uma mensagem de Deus para cada homem, mulher ou criança do nosso século. Nossa Senhora de Fátima prometeu que o mundo inteiro teria paz e que muitas almas iriam para o Céu, se escutássemos e obedecêssemos aos Seus pedidos.

Disse-nos que a guerra é um castigo pelo pecado; que Deus castigaria o mundo – na nossa época – pelos seus pecados, por meio da guerra, fome, perseguição à Igreja e ao Santo Padre, o Papa, a menos que escutássemos e obedecêssemos aos mandados de Deus.

 

Fátima Hoje!

Em Fátima, o Papa João Paulo II disse a 13 de Maio de 1982: "a Mensagem de Fátima é mais pertinente e mais urgente" hoje do que quando Nossa Senhora apareceu pela primeira vez: é uma súplica angustiada da Nossa Mãe do Céu que nos vê em grande perigo, e que vem oferecer a Sua ajuda e o Seu conselho. A mensagem que traz é também uma profecia: uma indicação clara do que ia acontecer no século XX, e do que ainda irá infalivelmente acontecer num futuro próximo – tudo dependendo da nossa resposta aos Seus pedidos.

A Igreja dá a sua aprovação a Fátima

A Igreja Católica ratificou a Mensagem de Fátima desde 1930. Cinco Papas deram publicamente a conhecer a sua aprovação às aparições de Nossa Senhora em Fátima e à Sua mensagem. Dois Papas foram a Fátima em peregrinação. O Papa João Paulo II foi lá duas vezes: uma, a 13 de Maio de 1982; e outra, a 13 de Maio de 1991.

O próprio Deus dá a Sua ratificação a Fátima

Como um grande sinal de que a totalidade desta mensagem vem, na verdade, de Deus, houve um milagre maravilhoso no Céu de Fátima, perante 70.000 testemunhas, no dia 13 de Outubro de 1917, na hora, data e lugar que Lúcia e as outras duas crianças tinham indicado em nome de Nossa Senhora de Fátima.

Tal como Nossa Senhora tinha dito, Francisco e Jacinta morreram em cheiro de santidade, em 1919 e 1920. Lúcia fez-se freira Carmelita. A Irmã Lúcia ainda vive: tem hoje 94 anos.

E Nossa Senhora de Fátima continua hoje a fazer milagres, através da ‘água de Fátima’ que dali é enviada para todo o mundo. Brotou água em Fátima, na Cova da Iria, muito perto do lugar onde Nossa Senhora apareceu (na Cova da Iria) no lugar onde o Senhor Bispo disse para cavarem. E também há pessoas que se curam das suas doenças ao fazerem uma peregrinação a Fátima – que fica em Portugal, a uns 140 quilômetros a norte de Lisboa.

Quando esteve em Fátima, o Pap